Sunday, December 11, 2005

Natal adiado, postergado.

A estas alturas Serafim já fez o seu balancete de encerramento do ano; computados o salário de dezembro, o décimo-terceiro, o abono; descontados o adiantamento do décimo, os vale-rancho, e efetuados todos os pagamentos do mês: o carnet da Cê e da A, conta d'água, luz, imposto da casa, o caderno no armazém do Juvenal, a Marisa sacoleira, a Elvirinha do Avon, o dinheiro emprestado do Antenor, o seu Darci do açougue e as aula particular de gaita da Flávinha.

Deixavê... isso... vai dar um resultado de menos setencentos e quarenta e oito reais com vinte e três centavos. É isso mesmo! Certinho! Vai faltar grana, não vai fechar o balanço. Negativo no caixa! Vai estourar o saldo. Quer dizer, tem que sortear os credores. Sorteio dirigido, é claro. Quem ganhou no mês passado não concorre este mês, tem que ser justo, sem injustiça. E aí tem mais um problema: Este mês é natal. Do jeito que a coisa tá não vai dar nem pro sabonete cashmere bouquete pra ninguém.

Por que essa coisa de "inimigo secreto" já encheu o saco. Sabe como é, presente de hum e noventa e nove não é presente. É ausência no duro, é falta de vergonha na cara. Talvez alguma presença de cara de pau. Então está, ficamos resolvidos, natal postergado, festa adiada para depois do carnaval, comemorado só no ano que vem.

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